quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sobre 'Ouvir o coração'


Este sempre foi para mim um dos maiores conselhos do mundo. Acho que resolve muitas coisas, acho que resolve muitas questões, muitos erros, muitos dilemas, muitas confusões. Acho que ouvir o nosso coração nos dá as maiores e as melhores respostas. Sobre nós. Sobre o mundo. Acredito nesta pequena regra com todas as minhas forças e, acreditem, não estou a exagerar. Acho que este é o verdadeiro segredo para sermos felizes - ouvir o coração. Ouvi-lo sem medo e com atenção, ouvi-lo com calma, sem hesitações, ouvir as coisas que não queremos ouvir (e é preciso tanta - tanta! - coragem), ouvir as coisas que nos enchem o coração. É preciso, depois, agir em conformidade. Ouvi-lo e fazer o que ele nos manda, o que ele nos pede, o que ele quer que nós façamos. Se não o fizermos a eterna pergunta "e se...?" vai-nos sentir saltitar no pensamento, visitar-nos à noite antes de adormecemos. Acho que o segredo é sermos nós mesmas, é vestirmos o que o coração gosta, fazer o que ele manda, ser o que ele nos pede. É talvez por gostar tanto (mas tanto) desta regra e acreditar tanto nisto que... Um dos defeitos que acho mais bonitos nas pessoas são os impulsos. São os gritos e as frases ditas sem pensar. Magoa, eu sei. Mas vêm de lá de dentro sem o controlarmos. E mesmo que não sejam exactamente aquilo que sentimos, é quando largamos as amarras, e somos mais nós. Quem me dera a mim que na maioria das vezes as pessoas pudessem ser tão genuinas naquilo que realmente sentem como são, tantas vezes, nas frases ditas sem pensar. Quem me dera.

sábado, 5 de novembro de 2011

Sobre o trânsito e os acidentes...

Ninguém gosta de trânsito e todos nos sabemos que, muitas vezes, o trânsito provoca acidentes e, os acidentes, provocam ainda mais trânsito. Eu também nao gosto de trânsito nem de filas nem de buzinas nem de rotundas nem de horas de ponta. Mas a verdade e que, nos últimos tempos, tenho conduzido muito mais e, quase sempre, em plena hora de ponta na cidade de Lisboa. Eu bem sei que isto e desafiante e eu própria saio muitas vezes de casa com este pensamento, "será que hoje e o dia em que eu bato com o carro?". Eu sei que nao devia pensar isto mas o meu medo e gigantesco. E, quanto mais conduzo, mais vejo a minha volta a quantidade de acidentes que há. Mas uma coisa e certa: nunca vi um acidente tão estúpido como ontem. Estava ali em Alcântara e estão a ver aquele cruzamento de quem vai para Lisboa, quem vai para as docas? Ora. Eu nao sei se vocês alguma vez repararam mas aquilo tem carris no chão porque, as vezes, passam ali comboios de mercadorias. Foi o caso de ontem. Estávamos todos parados no sinal vermelho ha imenso tempo. Mesmo há muito muito tempo. Eu sei que e chato. E eu era o carro da frente de uma das filas. Atras de mim, um carro começou a buzinar. Coitadinho, queria que eu passasse o sinal vermelho. Mas para alem de ser um perígo, eu nao ia arriscar. O taxista que estava ao meu lado nao pensou o mesmo e decidiu arriscar. Arriscou mal. Quando ele avança, o comboio avança e o choque foi brutal. A parte detrás do carro foi toda a vida! e eu nao tenho bem a certeza se o senhor taxista sabe que, por um ou dois segundos, podia ter morrido. Felizmente, os estragos foram materiais. Uma mota ao meu lado gritou: "e bem feita!". Epah. Eu nao gosto de pensar que e bem feita. Mas gostava que todos os carros que viram aquilo, pensassem duas vezes quando tantas vezes fazemos manobras perigosas que, muitas das vezes, só nos dão mais um ou dois minutos. As pessoas tem que entender, urgentemente, que precisam de conduzir com calma. Que, de outra forma, as consequências são demasiados mas. Enfim! Ainda assim, o taxista nao deve ter ganho para o susto....

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

- Estou bem!
Digo, esboçando um sorriso, tentando apagar a mágoa que percorre o meu corpo sem razao aparente. Sinto-me impaciente, percorre-me um estado de ansiedade crescente.


- Estou bem!
Repito, sem mais conversas. Não é isso que todos nós fazemos? 'Estou bem', repetimos mil vezes, esboçamos um sorriso, fingimos não dar importância.


- Estou bem! E tu?
Voltamos a repetir. Com a certeza fraca de quem pretende convencer-se, antes de mais, a si mesma. Fechamos os punhos. Quantas são as vezes em que respondemos, 'estou bem'. Não, não estou. Não estou bem. Mas e contigo?


- Eu também estou.
Será que estás? Não sei se estarás. Não sei se te pergunto, se ignoro, se acredito, se faço-de-conta.
A conversa troca-nos a volta. Se calhar, fugimos as duas por uma qualquer saida de emergência, sem dar por isso, mudamos de assunto.
Sorrimos as duas.


- Estou bem.
Estou mesmo?

domingo, 30 de outubro de 2011

Ontem fui ao cinema...



... Sai de lá a chorar. Como de resto, quase todas as vezes em que vou ao cinema. Tenho para mim que as minhas preferências cinematográficas não são lá muito racionais. Acho que já tinha dito aqui que quanto mais lamechas forem os filmes, mais eu gosto deles. Estão a ver aquelas comédias de hollywood onde ela é perfeita, vive uma história de amor perfeita, tem uma vida perfeita, até o cão é perfeito? Pronto. Eu gosto de ver isso tudo. No cinema, em casa no quentinho, à tarde, à noite, sozinha, com as amigas, com os amigos. Tanto(-me) faz. E, de todas as vezes, mesmo que eu racionalmente saiba que aquilo é só mais uma comédia romântica, não consigo evitar chorar. Eu gosto verdadeiramente destas histórias, dos momentos hilariantes, das gargalhadas, das piadas (tão) fáceis, até dos actores que, muitas das vezes, não são lá grandes autores. Pronto. Eu papo isso tudo, como se costuma dizer. Em minha defesa posso acrescentar que sei muito bem distinguir uma excelente actriz (como, assim, por exemplo, a Meryl Sreep) de uma assim-assim. O meu problema é não conseguir deixar de gostar das assim-assim. Não é que eu sonhe com uma vida como a dos filmes, porque não sonho. Não é que eu, racionalmente, não saiba que, na realidade, as coisas não são bem assim. Não é que eu, racionalmente, não consiga achar patéticas as comédias românticas. Mas, ao mesmo tempo, aiii, gosto tanto.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011


Cresci à acreditar em princesas, fadas, anões, principes encantados em cavalos brancos. Cresci à acreditar em dragões, em castelos, em cavaleiros maus. E à medida que fui crescendo, fui-me apercebendo que nada daquilo em que eu acreditava, de facto, existia. O mundo foi-me dizendo que não. Foi-me dizendo que as princesas não existem. Que os anões não vivem nas árvores e que eu não posso tocar nas fadas quando, pela manhã, sinto as gotas de orvalho frias nos meus pés descalços. Mas eu continuo a acreditar que não seria a mesma - não teria os mesmos sonhos e as mesmas utopias, não seria a criança feliz que (ainda) sou, não tocaria nas pequenas coisas com o mesmo cuidado - se não tivesse continuado a acreditar que o bem pode sempre vencer o mal, que os finais são sempre bons e felizes, que se não são, é porque a história ainda não acabou. Não teria a mesma força e o mesmo olhar se, para mim, os pequenos filmes que vi, não representassem, ainda hoje, as maiores e as melhores lições de vida que aprendi. E talvez falte um pouco disto às crianças e aos jovens de hoje em dia. Talvez lhes falte a capacidade de, mesmo à revelia do mundo, acreditarem em princesas e principes encantados. 

Quarta-feira vão começar obras cá em casa. Na casa-de-banho. A minha grande e espaçosa banheira vai dar lugar a um daqueles duches onde eu sempre me senti claustrofobica. Mas a bem da verdade dão muito mais espaço à casa-de-banho, certo?
Mas antes que os senhores se ponham a martelar, até quarta-feira, o plano é ir comprar uns desses e deitar-me num longo e prolongado banho de imersão.
O último.
(o que eu queria era celebrar isto também com uma taça de champanhe, tipo filme.) 

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Sobre 'a minha primeira tempestade de 2011'

Não sei porquê. Mas ontem enquanto a chuva caia, e eu ia conduzindo pela cidade de Lisboa, no meio de tanto trânsito, ou por estradas quase desertas, a ver árvores caidas, pessoas apressadas, guardas-chuvas a voar, pessoas que paravam para observar o Tejo, um casal de namorados que passeava abraçado na chuva, a confusão... Nasceu uma melancolia aqui dentro. Não sei porquê mas os dias frios, os dias cinzentos, cheios de chuva, fazem-me sempre ter vontade de me enrolar em mim própria e ficar a observar o mundo. As pequenas coisas que vi, os pequenos pormenores, davam-me um sorriso. Vi uma menina a fotografar as ondas do Tejo, junto ao Terreiro do Paço. Fiquei a pensar como a fotografia devia ter ficado. Vi um rapaz correr e correr atrás de um chapéu que acabou estragado, enfiado no lixo. Vi um casal de meninos apaixonados, de mãos dadas, enrolados nos seus casacos, a correr na chuva. Vi pessoas que estavam ali, de frente para o Rio, como se não caisse uma única pinga do céu, como se fosse um dia de céu azul e sol brilhante. Vi as ondas grandes contra as colunas. Vi uma árvore gigante caida sobre a estrada, tal devia ser a fúria do céu. E, enquanto isso, o rádio fazia-me embalar por entre muitas músicas. Fui cantarolando as que conhecia. Fui observando e sorrindo. Aproveitei, também, para sorrir ao senhor do carro do lado. Ele retribuiu-me o sorriso mas com ar de quem já estava farto do trânsito da nossa Lisboa. Demorei mais de uma hora, costumo fazer este percursso em pouco mais que quarenta minutos. Não valia de nada irritar-me com o trânsito, porque não valia. E, por isso, talvez também porque era o primeiro dia de tempestade deste inverno, deixei-me ficar a observar, perdida em sentimentos. É certo que sorri. Também chorei. Chorei enquanto a Adele me sussurrava ao ouvido palavras que, para mim, nunca tinham feito tanto sentido. Chorei também porque vi onde tinha chegado e o que tinha alcançado... Sabem? Nunca tinha pensado que o dia em que realmente pudesse dar de caras com o facto de já ter deixado tanta coisa para trás, fosse um dia cinzento e cheio de chuva. Mas, de facto, foi. E eu não me importei nada.