Será que é estranho escrever cartas a quem ainda não conhecemos? Será que é menos estranho escrever cartas a quem sabemos que, um dia, vamos conhecer? Não sei. Mas se és o meu principe encantado tenho a certeza que não te vais importar que te escreva. Que te esteja (já) a escrever. Pois não? É que eu tenho pensado muito em ti. Tenho pensado muito nos pequeninos sonhos que tenho contigo desde pequenina. E, ao longo dos anos, esses sonhos foram sofrendo pequenas metamorfoses. Quero só que saibas o que espero de ti, e, respira fundo, cheguei à conclusão que já não é assim tanto. Já não te peço que venhas ter comigo, ao meu castelo encantado, no teu cavalo branco. Já não te peço que trepes até à torre mais alta para me beijares a face e me entregares uma flor. Peço-te, sim, que me oiças. Ouve-me dia e noite. Ouve as minhas pequenas (gigantes!) dissertações sobre o mundo, sobre alfaces importadas, sobre gatos abandonados, sobre tudo e mais alguma coisa e ainda mais e mais. Se fizeres isso, valerá por qualquer jantar à beira-rio com luz das velas. Peço-te que me vejas dormir, que me aches bonita, assim, adormecida. De boca aberta, se for preciso. A babar-me, se isso acontecer. (espero que não). Peço-te que me enrroles nos teus braços, que me tapes com o lençol nas noites mais frias. E peço-te que me acalmes quando, a meio da noite, acordar com um pesadelo. Se o fizeres, acredita, valerá mais que qualquer anel de diamantes que me possas oferecer. É que eu percebi que os verdadeiros principes encantados não são aqueles que nos oferecem grandes ramos de flores, são os que roubam uma flor qualquer do jardim da vizinha para nos fazer rir. Não são aqueles que nos oferecem muitos e grandes presentes, são os que se enchem de paciência para nós, os que nos amam como um todo. Amam o nosso sentido de humor e a nossa inteligência mas que amam, também e igualmente, o nosso pijama velho, o nosso nariz fungoso, a nossa mania de deixar sempre as luzes acessas por onde andamos. Sim, esses sim, são os verdadeiros principes encantados e é isso (só isso) que espero de ti. Que sejas o meu melhor amigo. E que, quando a paixão passar, me continues a amar. Continues a ter vontade de conversar comigo, de partilhar silêncios comigo. Meu principe encantado, não te vou pedir que não cometas erros, que nunca tropeces, que nunca me desiludas. Só te peço que... Tentes não o fazer. Mesmo que aconteça, mesmo que discutir seja inevitável, vamos prometer um ao outro tentar fazer sempre o melhor. Porque mesmo que o melhor não aconteça, vai bastar-me saber que tentas-te, que tentei, que tentamos. Anda daí. Peço-te que tenhas a mesma visão que eu da vida, espero que partilhes dos mesmos sonhos e que tenhas sonhos teus, só teus, e que me deixes ajudar-te a realiza-los. Deixa-me fazer parte de ti, da tua vida, é isso que te peço. Porque se o fizeres... Se o fizeres, podes até esquecer-te do dia de São Valentim, podemos até passa-lo enrrolados no sofá, a ver um filme qualquer.
Meu principe encantado é isto, é só isto, achas que consegues?
Sem comentários:
Enviar um comentário