quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sobre esquecer.

Não existe uma formula certa para esquecermos alguém. Cada um de nós fá-lo à sua maneira. Fá-lo da forma que consegue, com menos ou mais lágrimas, fá-lo com menos ou mais momentos maus ou momentos bons. Não existe um botão que diga "off", não podemos ordenar ao nosso coração que simplesmente apague essa pessoa da nossa vida. Não podemos evitar sorrir com as pequenas lembranças, com as pequenas coisas na nossa vida que ainda nos fazem recordar dessa pessoa. Quanto maior é o tempo que passamos lado a lado com alguém, mais dificil vai ser, um dia, esquece-la. Mas dificil não é impossivel. Nem mesmo nestas coisas do coração. O que há a fazer é só mesmo isto: arregaçar as mangas. Chorar tudo o que há para chorar. E rir. E aceitar que vamos ter momentos melhores e momentos piores. O que há a fazer é respirar fundo e re-pensar nas coisas as vezes suficientes para que consiguemos aprender bem as lições de vida. Depois? Depois é olhar para nós. É fitar o espelho e perceber o nosso valor. Seja ele a cor dos nossos olhos, seja ele os projectos em que tivemos coragem de nos meter, seja ele o nosso simples sorriso ou as lágrimas que deixamos de ter vergonha de chorar. Há que olhar para nós e encontrar uma certa paz porque é essa paz que nos permite seguir em frente. E essa paz é nossa, vem de nós e somos nós (sim, só nós) que a construimos. Por isso... Não vale de muito olhar para outra pessoa ou sair um milhão de vezes à noite. Ou melhor, isso vale muito a pena e é o melhor que temos a fazer: rir, sair, conhecer outras pessoas, divertirmo-nos. Mas isso não basta. Não basta porque só com isso só nos vamos enganar a nós próprios, só vamos deixar feridas que, mais tarde, vão reaparecer, minar outras relações, impedir-nos de ser felizes. Temos que olhar para nós e aceitar os erros que cometemos. Temos que olhar para nós e acima de tudo perdoar os erros que nos magoaram. Não faz mal se isso demorar um ano, um mês, uma semana ou mais do que cinco anos. O que importa é só mesmo isto: perdoar-nos a nós e ao outro de tal forma que... Possamos olhar para o espelho e aceitar cada momento do nosso passado. Aceita-lo de tal forma que podemos dizer com verdade que não desejariamos que as coisas fossem diferentes. Seja pelos momentos bons, seja pelo facto do nosso passado fazer parte de quem somos hoje, seja pela força que os momentos maus criaram no nosso coração. E eu acho e acredito que no dia em que sejamos capazes de aceitar isto então... Então estamos prontos para olhar em frente e continuar a nossa caminhada. Confesso-vos uma coisa: longe vão os anos em que eu achava que quando duas pessoas se separavam havia sempre um lado que ganhava e outro que perdia. E invariavelmente para mim (adolescente de hormonas aos saltos), o lado que ganhava era aquele que começava namorar de novo primeiro. Não podia estar mais enganada e quanto mais olho à minha volta mais certeza tenho disso. Primeiro porque não há quem ganhe e quem perca. Há um amor que chega ao fim e que deve ser relembrado pelas coisas boas e não pelas coisas más. E depois? Depois se há alguém que ganha é a pessoa que mais sorrisos sinceros e verdadeiros conseguir ter, é a pessoa que mais lágrimas sem medos consegue chorar. É essa a pessoa que ganha. É a pessoa que volta a recuperar as suas forças e que não tem medo de voltar a enfrentar o mundo e, sobretudo, a si própria. E é por isso. É exactamente por isso que quando aqui há uns tempos me perguntaram se eu iria vencer, eu respondi que já o tinha feito. Caramba! Sabemos que estamos mesmo perto de esquecer alguém quando suspiramos baixinho: "eu estou feliz. Eu estou mais feliz".  

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