domingo, 2 de outubro de 2011

Sobre economia e politica.

Nunca me vou esquecer da primeira aula de uma das minhas cadeiras preferidas, leccionada por um dos meus professores preferidos. Ele começou a matéria perguntanto a todos os alunos: "Qual é o maior problema da economia portuguesa?". Choveram papelinhos com respostas como: "Finanças Públicas", "Justiça", "Sistema de Saúde", "Burocracia", etc etc. E eu fiquei muito orgulhosa por ter sido uma dos três alunos que escolheram, entre todos os problemas da economia portuguesa, a "Competitividade" como o maior de todos. Hoje, volvidos dois anos, continuo a acreditar que este é o maior problema da nossa economia. E o que me preocupa nesta crise não é se vamos (ou não) sair dela, sei que vamos, os ciclos económicos são previsões nas quais confio (e muito). O que me preocupa é se vamos sair dela mais fortes, mais conscientes e apenas depois de aprendemos lições verdadeiramente importantes. Essas lições vão desde o nosso sistema de educação (mais exigência, é preciso mais exigência), do nosso sistema de Justiça (mais celeridade), da nossa burocracia (simplificar) ou das nossas finanças públicas (sejamos suvinas). E só aprendendo todas estas lições podemos tornar-nos mais fortes. Eu explico: os ciclos economicos vão sempre existir. Por isso pouco temos a fazer. Sabemos que quando esta crise passar, daqui a dez anos (ou coisa por aí) vamos viver outra crise. Se este é um dado do problema, a solução é encontrar formas de nos tornarmos mais fortes de forma a enfrentarmos as crises com mais capacidades, com mais força, para podermos sair delas mais rápido e, sobretudo, para evitar que a população volte a sofrer tanto outra vez. Este é o ponto fundamental, quanto a mim. Ter a certeza que daqui a dez ou vinte anos não vamos estar a sofrer com os mesmos problemas que se arrastam na nossa economia à tempo demais. E é face a isto que digo e continuo a dizer que a competitividade é fulcral. Aumentar a nossa competitividade. Lá fora e cá dentro. Aumentar a competitividade das nossas empresas no estrangeiro e cá dentro. Aumentar a competitividade do nosso país como um todo para podermos canalizar investimento estrangeiro. Porque esse é o motor necessário para que tudo o resto venha por acréscimo, creio eu. E o que verdadeiramente me preocupa no nosso país é não sentir politicos a discutir sobre aspectos que permitam aumentar essa mesma competitividade, ou aspectos que permitam resolver outros problemas que, depois, nos conduzam a maior competitividade. Para mim não existem outras escolhas: queremos um novo aeroporto? Queremos auto-estradas? Hospitais? Temos que trabalhar para as ter. Temos que conseguir crescer para criarmos meios para financiar essas mesmas obras. E só conseguimos crescer sendo mais competitivos e isso é fundamental. Como podemos ver pelos desenvolvimentos ultimos, é insuportavel viver acima das nossas capacidades. Não podemos infinitamente endividar-nos para pagar as nossas necessidades. Temos que trabalhar, aumentar o nosso Produto, para, mais tarde, conseguirmos dispor de meios para nos financiarmos (talvez não na totalidade mas de formas que nos permitam reduzir o endividamento). E só aumentando a nossa competitividade vamos conseguir fazer o nosso Produto crescer. Só aumentando a nossa competitividade vamos criar as condições onde as tão necessárias reformas estruturais se tornam (ainda mais) fundamentais. E só quando entrarmos no caminho certo para que tudo isto aconteça, as pessoas vão começar a confiar um pouco mais nos nossos politicos.

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