terça-feira, 25 de outubro de 2011

E depois do Carlos, não é que hoje vi o Marco?

É verdade. Dois dias depois de dar de caras com o Carlos, o Gordo Estupor, dou de caras com o Marco, o tipico burro desportista. Mas o Marco, oh!, o Marco é diferente. Quando eu conheci o Marco já eu andava no 7º ano. E até nem me posso queixar porque ele não me chateava muito com a alcunha 'o corta-relvas'. Aliás, eu e o Marco mantinhamos uma relação de distância. Eu nunca falava com ele, ele nunca falava comigo. Eu morria de medo de ficar na equipa dele quando jogavamos Futebol e ele devia rezar a todos os santinhos para o professor nunca me pôr na equipa dele. E, enquanto o Destino nos manteve bem longuinquos, a nossa convivência na mesma turma foi boa. Desta feita, volvidos tantos anos, tenho que admitir que, nesta relação, a má da fita fui eu. Mas, a bem da verdade, tenho que acrescentar que eu tinha duas grandes razões para ter feito o que fiz. O Marco era mau aluno. Não sei se era burro ou esperto, ele simplesmente estava-se nas tintas para a escola. Eu odiava pessoas assim. Não entendia qual era o orgulho em receber um "Não Satisfaz" mas, aparentemente, o Marco considerava isso um verdadeiro orgulho (talvez porque fazer os TPC's lhe roubasse tempo no Desporto). Não sei se vocês eram do tempo das calças da Resina. Pois, o meu amigo Marco andava sempre de calças da Resina e chapéus da Fubu (estão a ver o tipo?). E... O drama deu-se quando as minhas duas melhores amigas decidiram apaixonar-se pelo Marco. As duas. Ao mesmo tempo. Por aquele idiota. Zangaram-se as comadres e eu quase que ia sendo obrigada a decidir entre uma e a outra. Como eu desde pequenina que percebi que um homem nunca se devia pôr no meio da amizade de duas meninas, zanguei-me com o rapaz. A nossa zanga era pacifica. Ele não sabia que eu estava zangada com ele e eu não tinha coragem para lhe chamar nomes em voz alta. Tudo mudou quando a professora de Inglês decidiu que nós deviamos trocar de lugares nas aulas. E, então, o Marco passou a ser o meu colega de carteira. "O MARCO??? O MARCOO???", pensei eu. Sim, o Marco. Porque era suposto os bons alunos ensinarem os maus alunos. Mas a Ritinha não é de meias medidas e em vez de se ficar a lastimar por ter aquele parvalhão ao seu lado, disse para consigo: "vou usar isto a meu favor". E assim foi. A professora mandou fazer o exercicio. Qualquer coisa com verbos. E a Ritinha disse assim ao Marco: "Eu vou ajudar-te e tu vais fazer isso bem e depois podes ir ao quadro resolver o exercicio. A professora vai perceber que tu até sabes de Inglês." E o Marco, na sua inteligência de ervilha, deve ter pensado: "Boa, o corta-relvas vai fazer-me o exercicio e a prof vai pensar que eu fiz tudo sozinho". O que ele não contava é que, afinal, o corta-relvas era um bocadinho vingativo. E uma mulher com duas melhores amigas chateadas é capaz de tudo para endireitar as coisas. Ajudei o Marco, sim senhora. Dei-lhe as respostas todas erradas e o coitado do rapaz foi ao quadro. Não acertou nem uma. E a professora deitou-me um olhar como quem diz: "ou não o ajudas-te nada, ou fizes-te isto de proposito". Depois de explicar as respostas correctas ao Marco (que entretanto fazia uma figura de parvo em frente à turma toda) mandou-o sentar. E assim que aquele rabo tocou na cadeira eu, feita femme-fatale, disse-lhe: "isto é por fazeres as minhas amigas chatearem-se uma com a outra.". Ele olhou para mim e não disse nada. Não me lembro se alguma vez voltamos a trocar palavras mas é provavel que não. E eu também nunca lhe pedi desculpa pelo que fiz. Eu sou um bocadinho orgulhosa. Mas hoje! Oh hoje! Voltamo-nos a cruzar. Eu estava a estudar na Biblioteca e ele passou por mim. Disse-me, "Olá, Rita" e eu fiquei a pensar, "Heina!!! O Marco!!! Coitado!", respondi-lhe, "Ah olá Marco. Tudo bem?" . "Sim e contigo? Já tás no Doutoramento?" . "Não, ainda só vou no Mestrado mas obrigada. ".
Foi bonito, não foi? E não é que as calças continuam a meio do rabo? Há coisas que nunca mudam!

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